Este foi o meu transporte por 12000 km e agora que não a tenho mais vou fazer o meu review deste modelo.
A Triumph é uma das poucas marcas que podemos sentir a mística de uma marca quando circulamos com ela. A história da marca sente-se quando a conduzimos. Sentimos algo de diferente, pode ser da nossa cabeça, mas o sentimento esta lá. Foi construída para proporcionar prazer de condução e é o que ela faz.
O que salta logo a vista é o seu design que ainda hoje é bonito conseguindo ultrapassar as barreiras do tempo. É impressionante como consegue ser bonita depois de 15 anos de idade. A sua qualidade de construção é de louvar, pois não existe ferrugem nem sinais de desgaste no quadro e acessórios.
Quando nos sentamos notamos o grande cockpit e a elevada protecção aerodinâmica. Na altura ainda não se pensava em vidros reguláveis e talvez o vidro não tenha sido desenhado nos tecnológicos túneis de vento que existem hoje em dia o que levou à existência de muita turbulência na região do capacete. Tanta que rápidamente a visão fica distorcida pelo tumulto que o vento provoca no capacete. Já andei em motas com a protecção ao nível desta mas não tinham este nível de turbulência, portanto ou se é um pouco mais baixo ou então tem que se controlar a velocidade ou aguentar os impiedosos abanões e sacudidelas do vento que nos fazem estremecer as órbitas dos nossos olhos.
Depois de estarmos instalados no banco, notamos que o banco tem um desnível para a frente e também o nosso tronco está inclinado para a frente. Dá-nos a sensação de uma sport-turismo, mas não deveria ser… sempre considerei a Trophy como uma turing mas a sua posição de condução não o é. Hoje a Triumph Trophy já não tem esta posição, já é igual a uma Pan-European ou outra da mesma gama, no entanto, na Trophy antiga esta posição é boa só nos primeiros 100km a partir daí começamos a escorregar para a frente pois, naturalmente, o corpo começa a pedir para se endireitar. Começa a aparecer um certo “mau estar” que temos que combater mudando constantemente de posição.
Este “mau estar” só é esquecido quando nos aparecem as esperadas curvas. A posição nesta situação é a boa, estamos inclinados para a frente e ela quer inclinar oferecendo sempre segurança e estabilidade em todas as curvas.
É lógico que não tem ABS, à 15 anos atrás ainda era algo em desenvolvimento, temos que acreditar nas nossas capacidades e travar com a maior segurança possível. Embora tenha um centro de gravidade um pouco alto a posição de condução aliado á poderosa ciclistica fazem de cada curva um pequeno banquete de sensações. Se há algo que a Triumph Trophy faz bem é CURVAR.
Eu pessoalmente tenho um estilo de condução onde efectuo a travagem muito cedo, pois não gosto de travar muito tarde. E isto, no caso do Trophy, é uma vantagem. Embora tenha duplo travão de disto à frente não acho que seja uma travagem potente, além do mais que a dianteira afunda muito, talvez porque os amortecedores nunca foram regulados, mas noto que esta situação foi melhorada em motas mais recentes.
A juntar a esta receita temos um motor que, diria eu, é único pelo seu tipo de funcionamento. Na verdade este é um motor que só existe na Triumph e poucas marcas ou nenhuma arriscaram a duplicar a receita. Mas o que é certo é que não tenho nada a apontar ao tri-cilindrico da marca Inglesa. Pode-se dizer que é suave, potente, equilibrado. Tem muito binário em baixas e perto de 90cv em altas. Consome o normal, diria eu, para um motor de 900cm3 a carburadores. O que o distingue de todos os outros é o seu barulho de funcionamento e o binário a baixas rotações. Permitindo uma condução fácil a baixas velocidades.
Mas nem tudo pode ser bom e comparando com o vidro, este motor não teve o devido desenvolvimento tendo em conta as vibrações. Os seus 3 cilindros vibram e as partes que mais sofreram nestes 12000km foram os pés a o acento(percebem?!?).
Infelizmente a idade não perdoa e a Triumph construiu uma mota não ligando aos pormenores, secalhar é este o motivo por a Honda ter sido um sucesso e ter mantido a opinião do público como a melhor turing daquela altura… foi a falta de atenção da Triumph aos pormenores.
Um dos exemplos da falta de estudo e projecção do design da mota foi o facto de o motor, na zona que esta perto das pernas do condutor, não ter sido introduzida carnagem. A carnagem frontal acaba abruptamente e as pernas do condutor ficam expostas a um terrível calor proveniente do motor. Isto não se compreende pois as suas concorrentes têm protecção das pernas do calor do motor proporcionado um melhor prazer de condução.
Este foi um dos motivos de a deixar, pois o limite de sofrimento com o calor na zona das pernas foi alcançado. Poderia dizer que nas alturas de maior frio o calor do motor ajudaria as pernas a não estarem frias mas infelizmente não serve de nada no inverno. Digamos que é uma falha a 100%.
Em conclusão é uma mota muito agradável de conduzir, curva irrepreensivelmente mas está obsoleta em relação às novas tecnologias que ajudam e permitem uma condução mas agradável e descansada. É uma mota que ninguém fica indiferente e conduzi-la é voltar 15 anos atrás e poder admirar o trabalho que permite hoje termos motas cada vez melhores.
Em Portugal onde posso adquirir material para a minha Traiunph trophy?obrigado