Muitos bons comentários li sobre esta mota e através da cortesia da Motévora, que desde já agradeço a oportunidade, consegui testar esta novíssima Yamaha MT-09 Tracer.
É impossível deixar de olhar para esta máquina, as suas linhas são muito bonitas e agradáveis. Misturam agressividade com as linhas fluidas deste tipo de mota com poucas carenagens. Todo o conjunto mostra qualidade e logo começa a existir uma vontade inquietante de me sentar em cima dela.
Montado nela nota-se que a Yamaha não abriu muito o guiador proporcionando uma posição de condução muito confortável. Os pés estão chegados um pouco mais para trás como na Honda Crossrunner. O banco é duro e um pouco afunilado para cima de modo a que as pernas fiquem ligeiramente mais fechadas, no entanto, é possível afinar a altura do banco. As suspensões estão muito bem afinadas e achei a Tracer muito confortável em piso degradado em comparação, por exemplo, com a Honda Crosstourer 1200.
Este conforto deve-se também ao eixo assimétrico desenvolvido pela yamaha de modo a proporcionar a melhor aderência possível. Perfeitamente integrado no conjunto está o escape que na minha opinião poderia dar uma sonoridade mais emocionante embora estéticamente esteja irrepreensível.
Gostei também que a Yamaha tivesse pensado no ajuste da carga da mola traseira possa ser feito de forma fácil.
Um ponto que a Yamaha apostou foi na informação para o condutor. Todas as informações são de fácil leitura e do lado esquerdo podemos alterar as informações do computador de bordo que aparecem do lado direito do painel de instrumentos, do lado esquerdo temos o conta-rotações, velocímetro e outras informações.
Eu se comprasse esta mota teria que por as malas laterais e a Tracer já vem equipada de série com os suportes para as malas. É só encaixar!
Depois do briefing do vendedor da MotoÉvora fui informado que esta mota tem 3 modos de condução que alteram a resposta do motor. Modo Standard que é o mais suave, modo A mais agressivo e modo B que é um intermédio dos dois.
Iniciei a marcha no modo Standard e a suavidade é notável pois este motor tem um binário invejável. Notoriamente este modo mais civilizado é para a cidade ou condução descontraída.
Assim que percorremos os primeiros metros notamos logo a elevada facilidade de condução, o quadro proporciana um elevada sensação de estabilidade e as curvas surgem facilmente e com um gosto irrepreensivel. Dei por mim a raspar as botas. Isto tudo com poucos kilometros de andamento.
Depois de me habituar à condução meti no modo A (aggressive) que é onde o motor solta toda a sua alma. E posso dizer que é grande máquina esta Tracer. O motor tem uma elasticidade que desafia os limites da física, mas o que mais impressiona é o binário disponível nos regimes mais elevados que faz com que o controlo de tracção entre em acção quando a roda da frente levanta o que aconteceu várias vezes pois este motor puxa por nós até não aguentarmos mais.
Embora seja um motor de 3 cilindros não notei qualquer tipo de vibração. O que prova a excelente qualidade desta proposta da Yamaha.
Depois de alcançar velocidades muito acima das permitidas em poucas centenas de metros, metemos os dedos aos travões e é aqui que apreciamos o excelente trabalho do duplo travão de disco frontal que com um pequeno toque abrandamos para velocidades perfeitamente aceitáveis. Mas isto não seria possível sem a belíssima suspensão dianteira de forquilha invertida que permite uma travagem forte e segura sem afundar a frente. Gostei muito da travagem e tenho inveja pois a minha mota actual ( Honda Integra 750) tem uma notória falta de poder de travagem. Tenho dificuldade em perceber o porquê da Honda insistir em apostar apenas em um travão de disco na roda da frente.
Ainda na área do comportamento dinâmico quero fazer referência aos pneus da Dunlop que equipam esta Tracer que me proporcionaram uma confiança impressionante.
Só me resta falar do que menos gostei nesta belíssima proposta da Yamaha. Mesmo no modo Standard, o mais civilizado, o binário é muito elevado e o doseamento do acelerador tem que ser milimétrico, pois, por exemplo, numa rotunda, e eu ainda dei uns solavancos para a frente, pois ao acelerar um nadinha recebia logo um coice do binário.
De resto, e como estou mal habituado e experimentei o visor na posição mais baixa, reparei que levei com muito vento. No entanto a afinação do visor está acessível e pode-se alterar a altura do visor em poucos minutos através de uns parafusos de ajuste por baixo do painel de instrumentos.
Com um preço competitivo (~10.200€), um motor cheio de alma, carisma e qualidade de construção esta é uma proposta que recomendaria com facilidade.