Yamaha MT-09 Tracer – Test Drive

Muitos bons comentários li sobre esta mota e através da cortesia da Motévora, que desde já agradeço a oportunidade, consegui testar esta novíssima Yamaha MT-09 Tracer.

Yamaha MT-09 Tracer

Yamaha MT-09 Tracer

Yamaha MT-09 Tracer

Yamaha MT-09 Tracer

2015-02-07 12.46.06

É impossível deixar de olhar para esta máquina, as suas linhas são muito bonitas e agradáveis. Misturam agressividade com as linhas fluidas deste tipo de mota com poucas carenagens. Todo o conjunto mostra qualidade e logo começa a existir uma vontade inquietante de me sentar em cima dela.

Montado nela nota-se que a Yamaha não abriu muito o guiador proporcionando uma posição de condução muito confortável. Os pés estão chegados um pouco mais para trás como na Honda Crossrunner. O banco é duro e um pouco afunilado para cima de modo a que as pernas fiquem ligeiramente mais fechadas, no entanto, é possível afinar a altura do banco. As suspensões estão muito bem afinadas e achei a Tracer muito confortável em piso degradado em comparação, por exemplo, com a Honda Crosstourer 1200.

MT-09-Tracer

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Este conforto deve-se também ao eixo assimétrico desenvolvido pela yamaha de modo a proporcionar a melhor aderência possível. Perfeitamente integrado no conjunto está o escape que na minha opinião poderia dar uma sonoridade mais emocionante embora estéticamente esteja irrepreensível.

MT-09-Tracer

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Gostei também que a Yamaha tivesse pensado no ajuste da carga da mola traseira possa ser feito de forma fácil.

 

MT-09-Tracer

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Um ponto que a Yamaha apostou foi na informação para o condutor. Todas as informações são de fácil leitura e do lado esquerdo podemos alterar as informações do computador de bordo que aparecem do lado direito do painel de instrumentos, do lado esquerdo temos o conta-rotações, velocímetro e outras informações.

Eu se comprasse esta mota teria que por as malas laterais e a Tracer já vem equipada de série com os suportes para as malas. É só encaixar!

Depois do briefing do vendedor da MotoÉvora fui informado que esta mota tem 3 modos de condução que alteram a resposta do motor. Modo Standard que é o mais suave, modo A mais agressivo e modo B que é um intermédio dos dois.

Iniciei a marcha no modo Standard e a suavidade é notável pois este motor tem um binário invejável. Notoriamente este modo mais civilizado é para a cidade ou condução descontraída.

Assim que percorremos os primeiros metros notamos logo a elevada facilidade de condução, o quadro proporciana um elevada sensação de estabilidade e as curvas surgem facilmente e com um gosto irrepreensivel. Dei por mim a raspar as botas. Isto tudo com poucos kilometros de andamento.

Depois de me habituar à condução meti no modo A (aggressive) que é onde o motor solta toda a sua alma. E posso dizer que é grande máquina esta Tracer. O motor tem uma elasticidade que desafia os limites da física, mas o que mais impressiona é o binário disponível nos regimes mais elevados que faz com que o controlo de tracção entre em acção quando a roda da frente levanta o que aconteceu várias vezes pois este motor puxa por nós até não aguentarmos mais.

MT-09-Tracer

MT-09-Tracer

Embora seja um motor de 3 cilindros não notei qualquer tipo de vibração. O que prova a excelente qualidade desta proposta da Yamaha.

Depois de alcançar velocidades muito acima das permitidas em poucas centenas de metros, metemos os dedos aos travões e é aqui que apreciamos o excelente trabalho do duplo travão de disco frontal que com um pequeno toque abrandamos para velocidades perfeitamente aceitáveis. Mas isto não seria possível sem a belíssima suspensão dianteira de forquilha invertida que permite uma travagem forte e segura sem afundar a frente. Gostei muito da travagem e tenho inveja pois a minha mota actual ( Honda Integra 750) tem uma notória falta de poder de travagem. Tenho dificuldade em perceber o porquê da Honda insistir em apostar apenas em um travão de disco na roda da frente.

MT-09-Tracer

MT-09-Tracer

Ainda na área do comportamento dinâmico quero fazer referência aos pneus da Dunlop que equipam esta Tracer que me proporcionaram uma confiança impressionante.

Só me resta falar do que menos gostei nesta belíssima proposta da Yamaha. Mesmo no modo Standard, o mais civilizado, o binário é muito elevado e o doseamento do acelerador tem que ser milimétrico, pois, por exemplo, numa rotunda, e eu ainda dei uns solavancos para a frente, pois ao acelerar um nadinha recebia logo um coice do binário.

De resto, e como estou mal habituado e experimentei o visor na posição mais baixa, reparei que levei com muito vento. No entanto a afinação do visor está acessível e pode-se alterar a altura do visor em poucos minutos através de uns parafusos de ajuste por baixo do painel de instrumentos.

MT-09-Tracer

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Com um preço competitivo (~10.200€), um motor cheio de alma, carisma e qualidade de construção esta é uma proposta que recomendaria com facilidade.

Honda CTX 700N DCT – Test-Drive

Andar de mota é um gosto especial e esta mota enquadra-se em um nicho de marcado que é as custom.

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O primeiro aspecto que salta á vista é a altura do banco que permite que pessoas de baixa estatura possam com firmeza colocar os pés no chão.

É impressionante como a Honda consegue com um só quadro criar tantos tipos de mota. Esta proposta tem todas as vantagens mecânicas das NC com as quais partilha o quadro.

O painel de instrumentos é completo e igual a todas as NC.

No entanto a não ser pela altura do acento ou gosto pelo seu design não vejo muitas vantagens em relação às NC.

Quando nos sentamos, a posição com o pés no chão até é bastante confortável no entanto quando colocamos os pés nos estribos a posição é um pouco desconfortável. Devido a esta posição de condução achei difícil virar a baixa velocidade e o vento nas pernas é muito incomodativo devido a não haver qualquer tipo de protecção para a zona da canelas.

Quando se circula em vias degradadas torna-se um pouco desconfortável para o cóccix. Isto provavelmente é um problema de todas as custom à venda.

Apesar de irmos sentados bem baixo a protecção do vidro frontal deixa muito a desejar. Senti muito mais turbulência relativamente à minha mota actual ( Integra 750 ).

Embora seja uma proposta com qualidade mais que comprovada é um modelo que não recomendaria.

 

 

Triumph Trophy 900 – Review

Este foi o meu transporte por 12000 km e agora que não a tenho mais vou fazer o meu review deste modelo.

Inicio-Trophy

A Triumph é uma das poucas marcas que podemos sentir a mística de uma marca quando circulamos com ela. A história da marca sente-se quando a conduzimos. Sentimos algo de diferente, pode ser da nossa cabeça, mas o sentimento esta lá. Foi construída para proporcionar prazer de condução e é o que ela faz.

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O que salta logo a vista é o seu design que ainda hoje é bonito conseguindo ultrapassar as barreiras do tempo. É impressionante como consegue ser bonita depois de 15 anos de idade. A sua qualidade de construção é de louvar, pois não existe ferrugem nem sinais de desgaste no quadro e acessórios.

Trophy cockpit

Quando nos sentamos notamos o grande cockpit e a elevada protecção aerodinâmica. Na altura ainda não se pensava em vidros reguláveis e talvez o vidro não tenha sido desenhado nos tecnológicos túneis de vento que existem hoje em dia o que levou à existência de muita turbulência na região do capacete. Tanta que rápidamente a visão fica distorcida pelo tumulto que o vento provoca no capacete. Já andei em motas com a protecção ao nível desta mas não tinham este nível de turbulência, portanto ou se é um pouco mais baixo ou então tem que se controlar a velocidade ou aguentar os impiedosos abanões e sacudidelas do vento que nos fazem estremecer as órbitas dos nossos olhos.

Depois de estarmos instalados no banco, notamos que o banco tem um desnível para a frente e também o nosso tronco está inclinado para a frente. Dá-nos a sensação de uma sport-turismo, mas não deveria ser… sempre considerei a Trophy como uma turing mas a sua posição de condução não o é. Hoje a Triumph Trophy já não tem esta posição, já é igual a uma Pan-European ou outra da mesma gama, no entanto, na Trophy antiga esta posição é boa só nos primeiros 100km a partir daí começamos a escorregar para a frente pois, naturalmente, o corpo começa a pedir para se endireitar. Começa a aparecer um certo “mau estar” que temos que combater mudando constantemente de posição.

Este “mau estar” só é esquecido quando nos aparecem as esperadas curvas. A posição nesta situação é a boa, estamos inclinados para a frente e ela quer inclinar oferecendo sempre segurança e estabilidade em todas as curvas.

É lógico que não tem ABS, à 15 anos atrás ainda era algo em desenvolvimento, temos que acreditar nas nossas capacidades e travar com a maior segurança possível. Embora tenha um centro de gravidade um pouco alto a posição de condução aliado á poderosa ciclistica fazem de cada curva um pequeno banquete de sensações. Se há algo que a Triumph Trophy faz bem é CURVAR.

trophy-design

Eu pessoalmente tenho um estilo de condução onde efectuo a travagem muito cedo, pois não gosto de travar muito tarde. E isto, no caso do Trophy, é uma vantagem. Embora tenha duplo travão de disto à frente não acho que seja uma travagem potente, além do mais que a dianteira afunda muito, talvez porque os amortecedores nunca foram regulados, mas noto que esta situação foi melhorada em motas mais recentes.

A juntar a esta receita temos um motor que, diria eu, é único pelo seu tipo de funcionamento. Na verdade este é um motor que só existe na Triumph e poucas marcas ou nenhuma arriscaram a duplicar a receita. Mas o que é certo é que não tenho nada a apontar ao tri-cilindrico da marca Inglesa. Pode-se dizer que é suave, potente, equilibrado. Tem muito binário em baixas e perto de 90cv em altas. Consome o normal, diria eu, para um motor de 900cm3 a carburadores. O que o distingue de todos os outros é o seu barulho de funcionamento e o binário a baixas rotações. Permitindo uma condução fácil a baixas velocidades.

Mas nem tudo pode ser bom e comparando com o vidro, este motor não teve o devido desenvolvimento tendo em conta as vibrações. Os seus 3 cilindros vibram e as partes que mais sofreram nestes 12000km foram os pés a o acento(percebem?!?).

Infelizmente a idade não perdoa e a Triumph construiu uma mota não ligando aos pormenores, secalhar é este o motivo por a Honda ter sido um sucesso e ter mantido a opinião do público como a melhor turing daquela altura… foi a falta de atenção da Triumph aos pormenores.

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Um dos exemplos da falta de estudo e projecção do design da mota foi o facto de o motor, na zona que esta perto das pernas do condutor, não ter sido introduzida carnagem. A carnagem frontal acaba abruptamente e as pernas do condutor ficam expostas a um terrível calor proveniente do motor. Isto não se compreende pois as suas concorrentes têm protecção das pernas do calor do motor proporcionado um melhor prazer de condução.

Este foi um dos motivos de a deixar, pois o limite de sofrimento com o calor na zona das pernas foi alcançado. Poderia dizer que nas alturas de maior frio o calor do motor ajudaria as pernas a não estarem frias mas infelizmente não serve de nada no inverno. Digamos que é uma falha a 100%.

Em conclusão é uma mota muito agradável de conduzir, curva irrepreensivelmente mas está obsoleta em relação às novas tecnologias que ajudam e permitem uma condução mas agradável e descansada. É uma mota que ninguém fica indiferente e conduzi-la é voltar 15 anos atrás e poder admirar o trabalho que permite hoje termos motas cada vez melhores.